O líquido amniótico é essencial para o adequado desenvolvimento fetal. Possui diversas funções desde a proteção até a proteção contra infecções. Além disso, sua avaliação laboratorial é útil no diagnóstico de malformações fetais.
Como é produzido o líquido amniótico?
Durante as primeiras semanas de idade gestacional o líquido amniótico é produzido através de eliminação pela pele fetal, que ainda não possui camada queratinizada. Esta se desenvolve até que às 16 semanas, a produção passa a ser de origem renal e tende a aumentar com a idade gestacional, até as 38 semanas.
Na sua composição encontram-se eletrólitos, células fetais e proteínas como a alfa-fetoproteína e a fibronectina fetal que possuem dosagens esperadas para cada idade gestacional e pode auxiliar na pesquisa de doenças e malformações fetais.
Quando o líquido amniótico se encontra diminuído, devem ser pesquisadas doenças que atinjam os vasos placentários como as vasculopatias crônicas em pacientes diabéticas e defeitos de implantação placentária da pré-eclâmpsia.
Quais as funções do líquido amniótico?
- Permite o crescimento fetal simétrico;
- Barreira contra infecções;
- Protege o feto contra traumas abdominais;
- Permite a livre movimentação fetal e desenvolvimento de músculos e articulações;
- Preenche os pulmões e evita o colabamento dos alvéolos;
- Mantém uma temperatura constante no ambiente intrauterino.
A rotura prematura de membranas amnióticas traz riscos infecciosos e de desenvolvimento fetal, devendo a gestante permanecer internada e ser avaliada a melhor forma de manter ou interromper a gestação (parto).
Quando há necessidade de fazer amniocentese?
Se houver suspeita ou alto risco de:
- Doenças congênitas;
- Defeitos de tubo neural;
- Anormalidades cromossômicas fetais (síndrome de Patau e Edwards);
- Estudo do DNA (paternidade).
Também pode ser feita como procedimento terapêutico, em casos de polidrâmnio, como forma de reduzir a pressão no ambiente intrauterino. Esta última é uma medida extrema em casos de gestações gemelares e com grandes volumes uterinos como forma de tentar prolongar um pouco mais a gestação e trazer algum benefício fetal em redução da prematuridade.
Deve ser realizada após a 16ª semana, quando a quantidade de líquido amniótico começa a aumentar em virtude da produção renal de urina fetal.
Quais os riscos do procedimento?
Os riscos variam segundo a literatura. Estima-se que haja perda gestacional entre 0,5 e 1% das amniocenteses realizadas. As principais preocupações são a rotura prematura de membranas amnióticas e as infecções fetais. Para a mão, são mais comuns a cólica abdominal, sangramento transvaginal e febre. Uma emergência obstétrica deve ser procurada na vigência de quaisquer destes sintomas.
Antes de ser realizada é necessário fazer a tipagem sanguínea da mãe, além de anti-HIV e VDRL. No caso de incompatibilidade Rh a mãe deve receber uma dose de imunoglobulina anti-Rh.
Para que serve a dosagem de alfa-fetoproteína?
A alfa-fetoproteína é produzida pelo fígado fetal. Encontra-se aumentada nos casos de:
- Defeitos do tubo neural (anencefalia, espinha bífida);
- Cistos sacrococcígeos;
- Obstrução esofágica ou intestinal;
- Necrose hepática;
- Defeitos da parede abdominal;
- Obstrução urinária e outras anomalias renais;
- Defeitos de osteogênese;
- Defeitos congênitos de pele;
- Baixo peso fetal;
- Oligoidrâmnio;
- Gestação múltipla.
Já os níveis baixos indicam:
- Trissomias cromossômicas como síndrome de Down;
- Doença trofoblástica gestacional;
- Morte fetal;
- Aumento do peso materno.
Como é feito o procedimento?
Inicia-se com avaliação detalhada da anatomia fetal, bem como áreas com maior quantidade de líquido e sítio de inserção placentária. O ultrassonografista fetal habilitado, escolhe o melhor sítio de punção e realiza a inserção de uma agulha longa no abdome materno até a cavidade uterina. São retirados 20ml de líquido amniótico e este é enviado para as pesquisas necessárias.
Após a realização do procedimento deve ser verificada a presença de batimentos cardíacos fetais e a ausência de formação de hematomas.
Referências:
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Ministério da Saúde. Manual Técnico de gestação de Alto Risco. 2012.
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