A prescrição de anticoncepcionais deve ser individualizada para cada mulher, tendo em vista suas características de vida e suas necessidades próprias. Quando há situações clínicas que podem ser agravadas pelo uso de contraceptivos, esta avaliação deve ser ainda mais detalhada.
Mulheres com Lupus Eritematoso Sistêmico
A presença de auto-anticorpos nas mulheres lúpicas aumenta o risco de tromboembolismo venoso, acidente vascular encefálico e doença cardiovascular. Desta forma, estas não devem utilizar métodos que contenham estrógenos na sua composição. Até o momento não há pesquisas que contraindiquem o uso de progesterona isolada como contracepção. Os Dispositivo intrauterino, com e sem medicamento, permanecem como uma boa opção.
É importante orientar as mulheres lúpicas da importância de um planejamento familiar correto. Esta doença pode descompensar de forma grave, com ameaça à vida, na vigência de uma gestação. Métodos comportamentais e de barreira não são indicados pela alta taxa de falha.
O uso de medicamentos imunossupressores não é contraindicação à contracepção.
Mulheres com Artrite Reumatoide
Quanto à doença em si, não há contraindicações. O cuidado deve ser tomado naquelas que usam corticoide por um longo período. Estas devem evitar os injetáveis trimestrais pelo risco de desmineralização óssea e aumento do risco de fraturas.
As trombofilias são alterações sanguíneas que facilitam a ocorrência de tromboses. Estão presentes em 0,5% das mulheres. Por serem relativamente raras, sua pesquisa antes de iniciar um anticoncepcional não está indicada, exceto em história prévia de tromboses e história familiar de trombofilias.
O diagnóstico de uma trombofilia contraindica o uso de métodos hormonais. Acredita-se que estes sejam capazes de aumentar o risco de eventos trombóticos em 2 a 20 vezes. Desta forma, estas mulheres devem utilizar métodos de barreira ou DIU.
Nas mulheres com Trombose venosa profunda, deve-se evitar o uso de qualquer hormônio na fase aguda, quando ainda estiver em tratamento. A colocação de DIU também deve ser adiada, tendo em vista o risco maior de sangramento pelo uso de anticoagulantes.
Mulheres com Risco de Doença Cardiovascular
A presença de múltiplos fatores de doença cardiovascular contraindica o uso de métodos hormonais, pelo maior risco de eventos adversos.
Nas mulheres com hipertensão arterial sistêmica controlada, permite-se o uso de métodos de progesterona isolada, métodos de barreira e DIU. Caso a hipertensão esteja descompensada, orienta-se não iniciar qualquer método hormonal até que haja controle.
Portadoras de doença cardíaca valvar não devem utilizar métodos contraceptivos com hormônio. Para estas, estão liberados DIU de cobre e métodos de barreira. Lembrar de realizar profilaxia de endocardite bacteriana na inserção do DIU.
Mulheres com Dislipidemia
A presença de dislipidemias(alterações na concentração de colesterol e triglicerídeos) por si só não contraindicam os métodos hormonais. O cuidado deve ser a busca de outros fatores de risco cardiovascular que podem se somar a estes e constituir risco durante o uso dos contraceptivos.
Mulheres com Obesidade
Mulheres com Índice de Massa Corpórea acima de 30kg/m² possuem maior risco de doença cardiovascular com o uso de estrógenos. Além disso, o uso de pílulas com baixa quantidade hormonal pode não ser efetiva, devido à maior presença de estrógenos circulantes, produzidos por enzimas no tecido gorduroso.
Então os métodos com progesterona de maior dose como os injetáveis trimestrais são uma boa opção nestas pacientes. O ganho de peso com este método é maior em adolescentes e varia entre 3 e 5kg.
Mulheres que realizaram Cirurgia Bariátrica
As cirurgias restritivas diminuem a área de absorção gástrica e podem prejudicar a eficácia dos contraceptivos orais. Evitar estes métodos nestas pacientes.
Mulheres Diabéticas
Em mulheres que já possuam alterações vasculares em decorrência do diabetes, o uso de estrógenos pode acelerar este processo, portanto este é contraindicado. Naquelas com DM 1 sem complicações vasculares, o uso de métodos combinados com estrógeno e progesterona não demonstrou piorar o controle glicêmico de forma importante, nem acelerar o desenvolvimento de doença vascular.
Também podem ser utilizados métodos de barreira e DIU. Orientar as mulheres diabéticas que o melhor momento para engravidar é com a doença sob controle.
Mulheres com Cefaleia e Enxaqueca
A cefaleia simples não contraindica o uso de qualquer método. Contudo, sabe-se que muitas mulheres referem aumento da incidência de dor de cabeça após o início do uso de anticoncepcionais. Desta forma, toda piora sintomática após o uso do método deve ser avaliada.
A presença de enxaqueca com aura contraindica métodos com estrógenos. Há aumento do risco de AVE em 3 a 5 vezes com o seu uso, além da piora importante das crises.
Fontes:
URBANETZ, Almir A. Ginecologia e Obstetrícia para o Médico Residente. FEBRASGO. 2016.
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